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domingo, 20 de abril de 2025

Compreendendo a resiliência: um fenômeno psicológico dinâmico

 * Por Joane Almeida

A palavra resiliência tem ganhado destaque nas últimas décadas, especialmente em tempos de crise, mudanças rápidas e contextos adversos. Mas o que realmente significa ser resiliente? Segundo Saavedra, Castro e Inostroza (2012), a resiliência não é apenas um traço de personalidade, mas um processo dinâmico e universal, que envolve a capacidade humana de superar dificuldades, ressignificar experiências e projetar um futuro melhor.

Essa capacidade não é construída de forma isolada. Existem diferentes abordagens teóricas sobre a resiliência: algumas com um olhar mais biológico e determinista, outras com foco na interação do indivíduo com seu ambiente social e cultural. O que todas têm em comum é o reconhecimento da resiliência como uma força que vai além da resistência: é um mecanismo preventivo e proativo, capaz de transformar situações-problema em fontes de aprendizagem e crescimento.

As 12 Dimensões da Resiliência Humana

Com base em estudos de Guajardo (2011), a Escala de Resiliência SV-RES representa um avanço importante na compreensão prática da resiliência. O instrumento propõe doze dimensões organizadas em quatro escopos, que refletem a forma como o sujeito interage consigo mesmo, com os outros e com o ambiente:

1. Condições de Base

Referem-se aos pilares que sustentam a forma de ver e interpretar o mundo:

  • Identidade: o autoconceito construído a partir de valores culturais, responsável por uma autodefinição relativamente estável.
  • Vínculos: relações interpessoais significativas e redes sociais de apoio que fortalecem a personalidade.
  • Afetividade: capacidade emocional de criar vínculos com o ambiente e consigo mesmo.

2. Visão de Si Mesmo

Diz respeito à percepção pessoal e ao julgamento sobre as próprias capacidades:

  • Autonomia: sentimento de competência e independência frente aos problemas.
  • Redes: sistemas de apoio estabelecidos no meio social e familiar.
  • Autoeficácia: crença nas próprias capacidades de superar dificuldades.

3. Visão do Problema

Como o indivíduo percebe, interpreta e reage cognitivamente à adversidade:

  • Satisfação: percepção de realização e adaptação frente ao ambiente.
  • Modelos: experiências e pessoas que servem como referência na superação de desafios.
  • Aprendizagem: capacidade de extrair ensinamentos de situações problemáticas.

4. Resposta Resiliente

É a concretização da ação diante do desafio:

  • Pragmatismo: habilidade prática de avaliar e resolver problemas com os recursos disponíveis.
  • Metas: definição de objetivos e projeção de futuro.
  • Generatividade: criatividade para gerar novas respostas diante dos obstáculos.

A Interconexão dos Escopos Resilientes

Esses quatro escopos não funcionam de maneira isolada. Pelo contrário, interagem constantemente, formando a base sobre a qual a resposta resiliente é construída. Por exemplo, as condições de base — como crenças, vínculos e afetividade — moldam a maneira como a situação-problema é percebida e interpretada. Isso influencia diretamente a visão de si mesmo, que pode reforçar (ou enfraquecer) a ação resiliente orientada por metas.

A memória de segurança emocional, os valores culturais internalizados e os modelos de superação aprendidos ao longo da vida são elementos fundamentais nesse processo. Eles podem tanto limitar quanto potencializar a forma como o indivíduo reage diante de uma crise.

Por que falar de resiliência hoje?

Vivemos tempos complexos, onde questões biopsicossociais e culturais afetam profundamente o bem-estar e a saúde mental das pessoas. Compreender a resiliência em suas múltiplas dimensões nos permite não apenas acolher a dor e reconhecer a vulnerabilidade, mas também despertar recursos internos e externos que nos ajudam a seguir em frente, com mais consciência e propósito.

Fomentar a resiliência é, acima de tudo, acreditar na capacidade humana de transformação — não apesar das adversidades, mas a partir delas.

 

REFERÊNCIAS:

GUAJARDO, E. S. Pesquisa sobre resiliência: Alguns estudos qualitativos e quantitativos. Editorial Academia Española, 2011.

SAAVEDRA, E. et al. Niveles de resiliencia en adultos diagnosticados con y sin depresion. Pequén, v. 2 (1), p. 161-184, 2012. Disponível em:

http://revistas.ubiobio.cl/index.php/RP/article/view/1839.


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